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A síndrome ocular isquémica (SOI) é uma causa subdiagnosticada de perda de visão entre os idosos, provocada pela hipoperfusão ocular crónica, na maioria dos casos secundária a doença aterosclerótica grave das artérias carótidas comuns ou carótidas internas. Os principais sinais e sintomas incluem perda de visão, dor ocular e várias manifestações a nível do segmento anterior e posterior do globo ocular. É comum a ocorrência de neovascularização da íris, do disco ótico e da retina, uveíte, hemorragias intrarretinianas e glaucoma neovascular. O diagnóstico desta condição constitui um verdadeiro desafio para os oftalmologistas, dada a variedade da sua apresentação clínica. A angiografia fluoresceínica em combinação com outros testes oftalmológicos, e exames de imagem dos vasos carotídeos, permitem o diagnóstico definitivo (1, 2). O tratamento sistémico inclui uma abordagem multidisciplinar, com o objetivo de investigar e tratar os fatores de risco cardiovasculares associados. A cirurgia vascular deve ser equacionada em todos os doentes com SOI e estenose carotídea grave. O tratamento ocular (conservador, laser e cirúrgico) deve ser dirigido às complicações da doença, especialmente ao nível do segmento posterior do olho, uma vez que estas estão associadas a maior risco de perda de visão (1). Neste trabalho é discutido um caso clínico de SOI que teve na sua apresentação o glaucoma neovascular e uveíte. O doente em questão foi submetido a endarterectomia carotídea, e terapêutica ocular com agentes hipotensores, fotocoagulação panretiniana e injeções anti-VEGF (vascular endothelial growth factor). No entanto, o controlo da pressão intraocular tornou-se refratário à terapêutica médica, o que motivou a implantação de um dispositivo de drenagem. Com base na literatura atual, comparando técnicas de ciclodestruição e dispositivos de drenagem, concluímos que a evidência é insuficiente para decidir acerca da melhor estratégia a adotar no controlo do glaucoma neovascular refratário. O prognóstico visual dos doentes com SOI mantém-se reservado, apesar dos avanços terapêuticos recentes. As taxas de mortalidade são elevadas devido a eventos cardiovasculares.
Ocular ischemic syndrome (OIS) is an undiagnosed cause of vision loss among the elderly that results from chronic ocular hypoperfusion, mainly due to severe atherosclerosis of the common or internal carotid arteries. Principal signs and symptoms include vision loss, ocular pain, and various anterior and posterior segment manifestations. Neovascularization of the iris, optic disk and retina, uveitis, retinal hemorrhages and neovascular glaucoma are some of the most common signs. The diagnosis of this condition is a true challenge to the ophthalmologists due to the variety of its clinical presentations. Fluorescein angiography in combination with other ophthalmic tests, and with imaging of the carotid vessels, allow definitive diagnosis (1, 2). The systemic treatment includes a multidisciplinary management, aiming to investigate and treat the associated cardiovascular risk factors. Vascular surgery should be considered in all patients with OIS and severe stenosis of the carotid artery. The ocular treatment (conservative, laser and surgical) should be directed to the disease complications, especially in the posterior segment, since they are associated with higher risk of vision loss (1). In this paper, we discuss a case of OIS presented with neovascular glaucoma and uveitis. Carotid endarterectomy was performed in this patient, as well as ocular treatment with hypotensive agents, panretinal photocoagulation and anti-VEGF (vascular endothelial growth factor) injections. However, the intraocular pressure control was refractory to medical treatment, which led to drainage device implantation. Based on the actual literature, comparing cyclodestructive techniques and glaucoma drainage devices, we conclude that there is insufficient evidence to decide about the better strategy to control refractory neovascular glaucoma. The visual prognosis of patients with OIS remains poor, despite recent advances in treatment techniques. The mortality rates are high due to cardiovascular events. |
