دورية أكاديمية

Conceções de História e de aprendizagem da História: a consciência histórica.

التفاصيل البيبلوغرافية
العنوان: Conceções de História e de aprendizagem da História: a consciência histórica.
المؤلفون: Oliveira Costeira, Mónica Cristina
المصدر: Revista da Faculdade de Letras: História. 2013, Vol. 3, p270-273. 4p.
Abstract (Portuguese): A formação do pensamento histórico dos alunos é um dos desafios que se coloca à didática da História. Compreender como se desenvolve a sua consciência histórica pode ajudar a responder às questões colocadas frequentemente acerca de "o que ensinar" el "como ensinar". Foi este e outros desafios que motivaram a elaboração deste trabalho de investigação. Desta forma, procurou-se compreender os processos de formação da consciência histórica dos alunos, a partir das conceções que apresentam acerca da História e da aprendizagem da disciplina. Mesmo reconhecendo que o ensino da História não é o único processo que contribui para o desenvolvimento da consciência histórica, é inegável a sua importância na formação do pensamento histórico dos alunos. Para sustentar teoricamente a investigação, fez-se uma análise da evolução do pensamento histórico, a partir das várias fases da afirmação da História enquanto ciência. Ao mesmo tempo, cruzou-se cada fase com a didática da História, sendo evidente a influência que cada uma das correntes científicas teve no ensino da disciplina. Portanto, desde o final do século XIX, com o positivismo científico, passando pelo Marximo e pela "Annales", todas estas correntes foram analisadas à luz da influência que exerceram na afirmação da Historia enquanto disciplina. Na atualidade, centramos a investigação em torno do conceito de consciência histórica desenvolvido por Rüsen, apresentado como a solução para resolver a crise paradigmática que se instalou na confluência do pensamento histórico moderno e pósmoderno. Com efeito, esta dualidade de pensamento apresenta-nos um conjunto de visões, muitas vezes contraditórias entre si, que causam alguma desconfiança e descrédito, resultando na perda de consciência que muitas sociedades desenvolvidas revelam de si próprias. O problema passa por esta crise de orientação do mundo atual, em que o homem moderno sente que está a perder as fontes de sentido. Segundo Rüsen, a resposta para esta crise de orientação passa pelo desenvolvimento da consciência histórica, apresentado numa perspetiva de reorientação das vidas práticas no presente, a partir do conhecimento das experiências do passado, possibilitando a sua projeção no futuro. De acordo com Rüsen, é fundamental dar poder histórico aos alunos para que interpretem e reorientem as suas vidas práticas no presente, fazendo-os sentir agentes ativos da História. Assim, ao considerar-se a conexão entre passado, presente e futuro, estamos a desenvolver a consciência histórica dos alunos, para que deixem de reproduzir o passado, mas sim passem a interpretá-lo, refletindo no presente e reorientando-o para o futuro. Partindo destes pressupostos e reconhecendo a importância que a consciência histórica assume na formação do pensamento histórico, desenvolveu-se a investigação empírica com o intuito de se compreender os processos de formação da consciência histórica dos alunos, a partir das seguintes questões: -- que conceções de História apresentam os alunos? -- os alunos valorizam a conceção passado/presente na aprendizagem de História? -- os alunos relacionam acontecimentos atuais com acontecimentos passados? -- quando confrontados com situações concretas, de que forma estabelecem essa relação entre o passado e a atualidade? -- os alunos exploram a utilidade do conhecimento do passado para reorientarem a sua vida pratica no presente? -- que tipo de narrativa é utilizada pelos alunos para expressarem a consciência histórica? Em primeiro lugar procurou-se compreender de que forma as conceções que apresentam acerca da História e da aprendizagem de História influenciam a maneira como constroem o seu pensamento. Em segundo lugar, procurou-se que os alunos manifestassem a sua consciência histórica através de narrativas, a partir do tema da crise económica. Com efeito, reconhecendo que as narrativas são a expressão da consciência histórica, decidiu-se utilizá-las neste estudo, a fim de possibilitar o posicionamento dos alunos em diferentes perfis de pensamento. Para isso, inspiramo-nos em Isabel Barca, que se tem dedicado a estudar as ideias dos adolescentes acerca do caracter provisório da explicação histórica. A população da amostra é constituída por duas turmas, uma de 9ºano e outra de 12ºano, num total de 44 alunos, que frequentaram a Escola Secundária de Paredes, no ano letivo 2011/2012. Aplicou-se três instrumentos de recolha e análise de dados: dois inquéritos, a fim de serem tratados estatisticamente e um questionário, a partir do qual se efetuou uma análise de conteúdo. A opção de se cruzar a abordagem quantitativa com a abordagem qualitativa relacionou-se com a tipologia dos instrumentos de recolha de dados. Por um lado, o inquérito estatístico possibilita a quantificação os dados recolhidos, favorecendo a análise de correlações. Por outro, a abordagem qualitativa permite, através da análise de conteúdo, categorizar as respostas, a fim de encontrar tendências e traçar perfis. Assim, os alunos preencheram um inquérito estatístico com o intuito de se compreender as conceções que apresentam acerca da História e da aprendizagem de História. Para isso, tinham de se posicionar relativamente a um conjunto de afirmações, utilizando uma escala de 1 a 9, sendo da maior para a menor concordância, respetivamente. A primeira questão relacionou-se com a forma como definem História. Por isso, apresentaram-se várias conceções de História, a partir de citações de diferentes historiadores. Os alunos selecionaram as afirmações que coincidiam com as suas perceções acerca do que é a História. A amostra de 9º ano selecionou citações que identificam a disciplina como a ciência que estuda o passado. Pelo contrário, a amostra de 12º ano selecionou citações mais elaboradas do ponto de vista científico, em que as questões da temporalidade, identidade e relação passado/presente se enquadram na definição da História. Relativamente às outras questões do inquérito, relacionadas com as estratégias de aprendizagem que os alunos valorizam na disciplina, utilizou-se um conjunto de situações acerca da forma de ensinar e aprender História. Mais uma vez, utilizando uma escala de valoração, os alunos tinham de se posicionar relativamente às estratégias que consideravam mais ou menos adequadas. Pelas respostas dos alunos, mais uma vez se constata a divergência entre a amostra de 9º ano e a de 12º ano. Os alunos de 9º ano privilegiam estratégias que lhes permitem aceder ao conhecimento finalizado, a partir de uma História narrativa. Já a amostra de 12º ano valoriza uma aprendizagem problematizadora, em que se estabeleçam relações entre o passado e a atualidade. No outro questionário, os alunos tinham de se expressar relativamente a um conjunto de questões sobre a crise económica atual, com o intuito de evidenciarem a sua consciência história, a partir do tipo de relações que efetuavam entre o passado, presente e futuro. As suas respostas foram expressas através de narrativas o que nos permitiu analisar os processos de pensamento utilizados pelos alunos para responder às questões. Dessa análise pode-se constatar que existem diferentes padrões de pensamento, diferenciando a forma como estabelecem relações entre o passado, presente e futuro, isto porque, nem todos os alunos mostraram a mesma capacidade em efetuar as referidas relações. Assim, mediante as respostas estabeleceu-se um perfil de organização de dados, categorizando-as em função do grau de profundidade e argumentação com que estruturavam o seu pensamento. Estabeleceu-se para as categorias de análise das respostas dos alunos as designações de: Perfil 1 -- Compreensão fragmentada, quando o alunos mostra falhas na compreensão e grande dispersão na resposta dada. Perfil 2 -Compreensão restrita, quando o aluno mostra um entendimento geral da mensagem, reformulando a narrativa, mas centrando-se num único indicador de diferença. Perfil 3 -- Compreensão global, quando o aluno revela um entendimento global das mensagens, reformulando a narrativa, mas de forma pessoal. Perfil 3+ -- Compreensão global problematizante -- quando o aluno já consegue reformular a informação de forma pessoal e crítica, reorientando-a para a sua vida prática no presente. Os resultados apontam para a predominância do Perfil 2, na amostra de 9º ano e o Perfil 3, na amostra de 12º ano. Cruzando esta informação com os resultados obtidos a partir da análise das conceções que os alunos apresentam acerca da História e do ensino da História podemos concluir que, enquanto os alunos de 9º ano manifestam preferência pelo receção do conhecimento finalizado, os alunos do ensino secundário valorizam a sua participação ativa na construção do conhecimento histórico. Com efeito, os alunos de 9ºano apresentam uma conceção mais fixista da disciplina, condicionando-a ao estudo do passado e valorizando metodologias assentes na memorização. Trata-se da opção de uma aprendizagem de influência positivista, marcada pela receção do conhecimento. Talvez o reduzido número de tempos semanais atribuídos à disciplina podem condicionar o trabalho de uma aprendizagem por descoberta, a partir da exploração de situações-problema e de interpretação de fontes. Pelo contrário, a amostra de 12º ano revela conceções de História e da aprendizagem de História que se aproximam de uma História-problema. Com efeito, valorizam a sua participação ativa na construção do conhecimento, com uma atitude reflexiva perante os desafios propostos. Relativamente às relações passado/presente, os resultados sugerem que as conceções mais fragmentadas desta perspetiva temporal estão ligadas a um pensamento histórico menos elaborado, como acontece com a amostra de 9º ano. Por outro lado, os alunos que revelam um pensamento histórico mais sofisticado, como é o caso do 12º ano, apresentam uma objetividade crítica que lhes permite avançar com maior facilidade para a problematização passado/presente. Portanto, o grau de escolaridade parece condicionar o seu posicionamento nos níveis de progressão. De qualquer forma, destaca-se que a reorientação da vida prática dos alunos em função do passado histórico, não foi observado na generalidade das situações. Por isso, apesar da didática da História valorizar o desenvolvimento da consciência história dos alunos, este estudo revela que a maneira como a relação temporal é apropriada por eles é muito variável. Para desenvolver a consciência histórica dos alunos é importante que adquiram uma visão mais dinâmica da disciplina, baseando-se numa História-problema, não a relegando para o estudo do passado. Nesta medida, é importante continuar a investigar a formação do pensamento dos alunos sobre a sua compreensão histórica, na forma como assimilam a relação temporal passado, presente e futuro, para entender como se processa o desenvolvimento da sua consciência histórica. [ABSTRACT FROM AUTHOR]
قاعدة البيانات: Academic Search Index