No poema A Cachoeira de Paulo Afonso, Castro Alves emprega dispositivos dramáticos de modo a conferir concretude e vividez (enargeia) à representação lírica da escravidão. Advindos tanto da poética clássica quanto das matrizes românticas europeias, tais procedimentos retóricos objetivam a persuasão do público leitor/ouvinte, convidando-o, empaticamente, a se posicionar contra a instituição escravista. No presente artigo, analisaremos alguns recursos dramáticos empregados em monólogos e diálogos das personagens escravas n’A Cachoeira de Paulo Afonso, considerando suas implicações na produção da enargeia, em observação às ideias castroalvinas quanto à finalidade edificante da arte e à missão do gênio romântico.